terça-feira, 14 de junho de 2011

I SEMANA ACADÊMICA DE SECRETARIADO EXECUTIVO - PB


ESTÁGIO NA RECEITA FEDERAL

A Receita Federal de João Pessoa - PB abriu processo de seleção e recrutamento para estágio em algumas áreas, dentre elas para alunos de Secretariado.

As inscrições vão ocorrer no período de 27 a 30 de junho no IEL- PB.

Maiores informações pelos telefones (83) 3241.6575 ou 3241.6003.

Os interessados poderão também consultar as condições para inscrição no site http://www.fiepb.com.br/iel.

Sucesso!

@luzdosolpe

2º ENASEC - Participem!!!!



UFPB dobra de tamanho em cinco anos

UFPB dobra de tamanho em cinco anos

Atualmente é a instituição de ensino superior do Norte e Nordeste do país a oferecer o maior número de vagas no seu processo seletivo
Em apenas cinco anos, a Universidade Federal da Paraíba conseguiu dobrar de tamanho e, hoje, já é a instituição de ensino superior do Norte e Nordeste do país a oferecer o maior número de vagas no seu processo seletivo. Em 2005, a UFPB oferecia cerca de 3.700 vagas por ano. Hoje esse número já chega aos oito mil.

O crescimento da UFPB não se deu apenas na sua área física. Em 2005, a instituição possuía 50 cursos de graduação. Hoje já são 100 cursos e há projetos para aprovação, nos próximos meses, de mais 10 cursos.

Na Pós-Graduação, os números também impressionam. Em 2005, a UFPB oferecia 27 cursos de mestrado; hoje já são 46. Os cursos de Doutorado também saltaram de 12 para 24 em pouco mais de cinco anos.

“A nossa preocupação não é apenas expandir a Universidade, mas também melhorar a sua qualidade acadêmica”, disse o reitor da instituição, Rômulo Polari. O crescimento da UFPB se deu, principalmente, pela qualidade dos projetos apresentados ao Ministério da Educação, dentro dos dois planos de expansão das instituições públicas de ensino, ainda no Governo Lula.

No primeiro desses planos, denominado “Expansão com Interiorização”, a UFPB instalou um campus no Litoral Norte do Estado, nos municípios de Rio Tinto e Mamanguape. São praticamente dois campi, com 10 cursos e uma estrutura duplicada nas duas cidades. Para se ter uma idéia, a UFPB construiu, além de salas de aulas, laboratórios, blocos administrativos, duas bibliotecas de grande porte, dois restaurantes universitários, duas residências universitárias, sendo uma em cada cidade.

Para um campus em fase de implantação, era de se esperar que a avaliação realizada pelos técnicos do Ministério da Educação não fosse satisfatória. Essa avaliação leva em consideração os programas político-pedagógicos de cada curso, qualificação de seu corpo docente e a infraestrutura oferecida pela instituição para o seu funcionamento.

Sete dos 10 cursos da UFPB no Litoral Norte já foram avaliados. Destes, um obteve nota máxima, numa escala que vai de zero a 5. Cinco deles receberam média 4 e apenas um ficou com 3. “O resultado da avaliação do MEC surpreendeu a todos”, avalia o diretor do Campus do Litoral Norte, Alexandre Scaico. Em pouco mais de quatro anos de funcionamento, o novo campus já possui dois programas de mestrado.

“Nós recebemos notas mais baixas no item infraestrutura porque as instalações físicas nesse centro ainda não foram concluídas inteiramente. Quando tudo estiver terminado, certamente essa avaliação será ainda melhor”, finalizou o Pró-Reitor de Graduação da UFPB, Valdir Barbosa.



Fonte: Agência de Notícias da UFPB - C/ informações da ACS - 13.06.2011

sábado, 4 de junho de 2011

Brasil aprova fundo para financiamento educacional

Entrou em vigor no Brasil, em 19 de maio, o Fundo de Financiamento do Setor Educacional do
Mercosul (FEM), destinado a financiar programas e projetos do Mercosul que fortaleçam o processo de integração regional. O FEM deve apoiar programas de mobilidade de estudantes e professores entre os países do bloco, por meio da oferta de bolsas de intercâmbio. O fundo assume o papel de estimular a integração acadêmica entre os sócios. Além dos estados-partes do Mercosul — Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai —, podem participar do FEM os associados Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e
Venezuela. O capital do FEM será constituído por contribuições dos países-membros e dos
associados, por rendimentos e por repasses extraordinários de terceiros países, de outros
organismos e do setor privado.      

  As contribuições iniciais previstas para o fundo estão estimadas em US$ 1 milhão. Cada
estado-parte deve fazer uma contribuição anual antes do encerramento do primeiro semestre
de cada ano.

Criado pelo Conselho do Mercado Comum (CMC), órgão decisório do Mercosul, o fundo será
administrado por um organismo especializado, selecionado na reunião de ministros de
educação. Esse conselho de ministros também definirá a distribuição de recursos para os
programas.

O FEM foi criado pelo  Decreto nº 7.484 , de 18 de maio último.

Fonte: MEC Assessoria de Comunicação Social

Universidades e indicadores

Como medir a qualidade da produção científica de um pesquisador ou de uma universidade no
Brasil foi uma das questões mais debatidas no ciclo “A Universidade e os Índices Nacionais e
Internacionais”, realizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em São Paulo, nos dias
24 e 25 de maio. O encontro contou com a participação de Herman Voorwald, secretário da
Educação do Estado de São Paulo e conselheiro da FAPESP, além de professores e
representantes da Unesp, da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (Uerj) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),
entre outras instituições, para discutir os diversos índices – nacionais e internacionais –
adotados para avaliar as universidades, sua produção acadêmica e docentes.      

  A conferência de abertura foi proferida pelo geógrafo francês Hervé Thèry, pesquisador do
Centro de Pesquisa e de Documentação sobre a América Latina (Credal) do Centro Nacional
da Pesquisa Científica (CNRS) e professor convidado da USP, que falou sobre o Índice de
Xangai.

O índice, cujo nome oficial é Academic Ranking of World Universities (ARWU), foi concebido
em 2003 por um grupo da Universidade Shangai Jiao Tong, na China, e é utilizado para
classificar as universidades em todo o mundo pela produção acadêmica de cada uma.

O trabalho de Thèry, com base no índice, consiste em mapear as 500 maiores universidades
do mundo, entre as quais seis brasileiras. Para complementar a configuração territorial das
instituições de ensino superior, o geógrafo utiliza também dados de outros três índices
internacionais: o Webometrics (Espanha), o Ecole Nationale Supérieure de Mines de Paris
(França) e o  Times Higher Education - THE (Reino Unido).

Segundo os mapas apresentados por Thèry, as universidades com as melhores classificações
no índice se concentram nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, sendo a Universidade de
Harvard a primeira da lista. Embora cada indicador tivesse seu critério de avaliação, o
professor focou principalmente no ARWU para nortear sua pesquisa.
Durante sua apresentação, Thèry destacou que a posição de liderança obtida por essas
universidades tem como itens de maior peso na avaliação a quantidade de artigos publicados e
de citações em revistas “de maior peso” como Nature e Science e o número de professores e
ex-alunos agraciados com o Prêmio Nobel ou com a Medalha Fields (concedida pela União
Internacional de Matemática).

Embora pesquisadores brasileiros tenham estudos publicados em revistas de alto fator de
impacto, o país não figura entre as cem maiores no mapeamento feito pelo pesquisador
francês. “Uma barreira para que o Brasil alcance uma posição de destaque está na ausência de
laureados com Nobel ou a Medalha Fields”, disse.

Guardiões da ciência
O desempenho da produção científica avaliada a partir da quantidade de artigos publicados e
citados em periódicos com alto fator de impacto – medida que reflete a relevância das revistas
 1 / 2Universidades e indicadores

indexadas no Institute for Scientific Information (ISI, na sigla em inglês) – foi bastante discutido
durante o encontro na Unesp.
Rogério Meneghini, coordenador científico do SciELO Brasil, programa conduzido pela
FAPESP e pela Bireme, destacou o papel das publicações nacionais e o aumento para 124
periódicos brasileiros na Web of Science. Isso, segundo ele, seria reflexo da ampliação do
escopo de revistas indexadas no SciELO.

No entanto, o número de estudos brasileiros citados caminha no sentido oposto. De acordo
com Meneghini, o principal motivo seria o idioma (o português) em que os artigos são
publicados, assim como o baixo fator de impacto dos periódicos brasileiros indexados na Web
of Science. Ele destacou também a pouca presença de gatekeepers (“guardiões”), termo para
designar os editores das publicações de alto fator de impacto.

“O Brasil está perdendo a oportunidade de participar de forma mais contundente do ‘clube’ dos
gatekeepers. Precisamos pensar em estratégias para que cientistas brasileiros de destaque
ingressem nesse ‘clube’, composto por pessoas que cuidam do contorno da ciência”, pontuou.

Projeção internacional
Os debates tiveram como ponto inicial o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da
Unesp, documento que estabelece os objetivos e ações da universidade para os próximos dez
anos.

Com orçamento previsto para 2011 de quase R$ 62 milhões, o plano agrega 18 programas
divididos em cinco dimensões: Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Gestão.

Cada um com ações e metas para o ano.
“O PDI permite ao gestor saber como cada unidade é atendida e, por sua vez, as unidades
também podem saber como seus recursos são repassados. Trata-se de um novo modelo de
gerenciamento, mais transparente, que estamos introduzindo na universidade”, disse Jorge
Roberto Pimentel, professor do Departamento de Física da Unesp de São Carlos e membro da

Comissão Gestora do PDI.
O novo modelo de gestão adotado pela instituição em 2010 visa melhorar o desempenho da
Unesp, assim como o seu reconhecimento na comunidade acadêmica internacional.

Fonte: Agência FAPESP

Extensão universitária recebe investimento de R$ 70 milhões

Programas de extensão universitária de todo o país receberão R$ 70 milhões do Ministério da
Educação no próximo ano para execução de suas atividades. O valor corresponde ao
orçamento que será destinado às ações selecionadas pelo edital 2011 do Programa de
Extensão Universitária (Proext). Entre 1.626 propostas recebidas, foram contemplados 709
projetos e programas, que receberão recursos para desenvolver ações voltadas à promoção de
políticas públicas sociais. O conjunto dos projetos aprovados envolve em sua execução 709
coordenadores, 3.378 professores, 7.401 alunos e 559 técnicos. Criado em 2003, o Proext
passou por significativo crescimento, tendo o Edital 2011 recebido o dobro do orçamento do
último ano. Foram R$ 35 milhões em 2010 e serão R$ 70 milhões neste ano.      

  As 13 linhas temáticas que integram o edital foram definidas a partir das políticas públicas
sociais desenvolvidas pelos ministérios participantes. Além de oito ministérios, do Instituto
Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres, as secretarias de Direitos Humanos e de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial participam pela primeira vez do Proext.

A partir da divulgação do resultado, os recursos do Proext serão transferidos a universidades
federais e estaduais e a institutos federais de educação, ciência e tecnologia no início do
próximo ano. O monitoramento e avaliação da execução dos projetos são realizados por meio
de um sistema informatizado do qual participam todos os ministérios parceiros.

A extensão universitária caracteriza-se por um conjunto de ações de caráter educativo e
interdisciplinar que permitem a interação entre a universidade e a sociedade. Na avaliação do
secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, é por meio da
atividade de extensão que a universidade coloca em prática sua função social. “Além de fazer
parte da formação acadêmica dos jovens, é a partir de um trabalho conjunto entre estudantes,
professores e servidores que a universidade tem a possibilidade de refletir e agir em relação às
questões sociais do país”.

Confira o resultado.
Confira os ministérios participantes

Fonte: MEC Assessoria de Imprensa.

ONU abre inscrições para programa de bolsas para afro-descendentes

No contexto do Ano Internacional dos Afro-descendentes, a Unidade Antidiscriminação do
escritório do Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas está lançando um
programa de bolsas para descendentes de africanos de 10 de outubro a 4 novembro de 2011.
O objetivo é proporcionar a oportunidade de aprofundar a compreensão do Sistema de Direitos
Humanos da ONU e de seus mecanismos, com foco nas questões de interesse para pessoas
de ascendência africana. Para se candidatar é preciso ser afrodescendente; ter, no mínimo,
quatro anos de experiência no tratamento de questões relativas aos afrodescendentes ou
minorias; ser fluente em inglês e possuir uma carta de apoio de uma organização
afrodescendente ou da comunidade.      

  Na seleção dos bolsistas, as questões de gênero e equilíbrio regional serão levados em
conta. Os documentos apresentados deverão estar em Inglês. O candidato selecionado tem
direito a uma bolsa para cobrir alojamento, as despesas básicas em Genebra, seguro básico de
saúde e um retorno de avião com bilhete de classe econômica.

Os candidatos interessados devem enviar carta de apresentação para o e-mail
africandescent@ohchr.org ou pelo fax 004122-928 9050, indicando claramente "Application to
the 2011 Fellowship Programme for People of African Descent", juntamente com os seguintes
documentos: currículo; carta de motivação com, no máximo uma página, (onde o candidato
explicará sua motivação para a candidatura, o que espera alcançar através da bolsa e como
usará o que aprendeu para promover os interesses e os direitos dos afro-descendentes); e uma
carta de apoio de uma organização/entidade parceira.

O prazo para inscrições é até 15 de junho (visualize  aqui o formulário). Somente os
candidatos pré-selecionados serão contatados.

Fonte: Assessoria de Imprensa da UFMG

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Surdos são tratados como incapazes de aprender, diz professora-doutora


Surdos são tratados como incapazes de aprender, diz professora-doutora 
A professora Sílvia Andreis Witkoski viveu na tarde desta quinta-feira (2) uma emoção especial. Ela defendeu sua tese de doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFPR) concluindo uma importante pesquisa sobre a educação de pessoas surdas e o preconceito que quem não ouve é vítima no ambiente escolar e acadêmico. Há seis anos Sílvia perdeu completamente a audição durante a gestação de sua segunda filha. Com diagnóstico de surdez acentuada bilateral neurosensorial atribuída à otosclerose, a agora professora-doutora mostrou em seu trabalho os surdos no Brasil não têm acesso a uma educação realmente voltada às suas condições especiais. A pessoa que não ouve é tratada como se não tivesse condições de aprender. O resultado é a formação de iletrados funcionais. Na produção de sua tese, Sílvia acompanhou o estudo bilíngüe (em português na Linguagem Brasileirade Sinais – Libras) em uma turma de sétima série de uma escola especializada na educação para surdos. “A conclusão foi uma absoluta ausência de um ensino qualificado e diferenciado para os surdos”, afirma a professora Sílvia, em entrevista ao G1 por e-mail. A tese foi que foi aprovada com aprovada com louvor e distinção pela originalidade, relevância social e metodologia de pesquisa.

Gaúcha de Erechim (RS), Sílvia levou uma vida como ouvinte até os 35 anos. Era professora de artes plásticas, tinha feito mestrado, trabalhava em uma universidade em Santa Catarina e vivia um casamento consolidado. Quando ficou grávida pela primeira vez, ela perdeu boa parte da audição. Dois anos depois, uma nova gestação comprometeu de vez sua capacidade de ouvir. A otosclerose é uma doença do ouvido médio que causa surdez progressiva, acentuada 
principalmente durante a gravidez. Com a  doença, Sílvia perdeu a audição, o casamento, o emprego como professora universitária. “Fui considerada inabilitada", disse. Mas ela não perdeu a dignidade e a garra de continuar aprendendo e de fazer valer os seus direitos. Se dedicou à criação das filhas e ao seu projeto de doutorado. E quer mais. “Pretendo reconquistar minha posição como professora do ensino superior, rompendo com o preconceito em relação aos surdos”, destaca. Ela defende a educação para surdos em escola especial e é contra a inclusão de quem não ouve nas escolas regulares. Segundo o Ministério da Educação, de 2002 a 2010, a inclusão de estudantes surdos em turmas regulares passou de 110.704 (25%) matrículas para 484.332 (69%) e o número de escolas inclusivas cresceu de 17.164 (8%) para 85.090 (44%), nesse período. Veja a entrevista com a professora-doutora:
Quais foram as conseqüências que a perda de audição provocou na sua vida?
Desde que me tornei surda, há seis anos, vivo a duplicidade de culturas bem como a condição de “estrangeira” nas duas situações. Para os surdos, ao mesmo tempo em que sou surda, sou uma ex-ouvinte; para os ouvintes ao mesmo tempo em que sou surda, causo “estranhamento” por ser uma ex-ouvinte, e ter domínio total da Língua Portuguesa oral e escrita e de ambas as culturas, de ouvinte e surda. Perdi a imagem de professora para receber, como um carimbo ou uma colagem, outra imagem que não reconhecia: a da deficiente auditiva. Da “normalidade” passei para a “anormalidade”, e como tal, tudo o que eu era, o que fazia, e o que tinha conquistado deixou de ser meu por direito, aos olhos dos outros, por causa dos imensos preconceitos e estigmas associados às pessoas com deficiência, entre essas as pessoas surdas.

Quais foram as reações das pessoas que a conheciam como ouvinte depois que a senhora ficou surda?
Desde o início do processo de ensurdecimento enfrentei inúmeras situações de preconceito, seja de forma sutil tais como: “Você nem parece deficiente, se não contasse ninguém precisaria saber”; “Nossa, você usa aparelho (referindo-se a prótese auditiva)”, “Mas você é tão jovem!” Quando fui aprovada no processo de seleção do curso de Doutorado em Educação na Universidade Federal do Paraná (UFPR), as pessoas me perguntavam por que iria cursá-lo, o que faria depois, se com o curso poderia trabalhar em algum lugar e fazendo o quê. Essa reação que foi completamente diferente da recebida quando eu escutava e fui aprovada na seleção do mestrado, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a priori um processo mais fácil, que foi parabenizado e festejado. E quando me inscrevi para uma seleção para dar aulas em uma universidade de Florianópolis, não fui nem chamada para entrevista. O colega que havia levado meu currículo e trabalhava lá disse: “Infelizmente as instituições não estão preparadas para as diferenças!”. Numa reação automática perguntei-lhe: “Para o que estão preparadas então?”

Na sua tese a senhora afirma que o ensino bilíngue oferecido aos surdos tem produzido iletrados funcionais devido ao preconceito. O que acontece, na prática?
A pesquisa de campo evidenciou que, de fato, o ensino público oficialmente denominado bilíngue oferecido aos alunos surdos, em escola específica, produz iletrados funcionais. A análise dos dados empíricos aponta para o preconceito contra os alunos surdos que os estigmatiza como sendo deficientes e sem condições efetivas de desenvolvimento semelhante aos ouvintes; a não formação ou formação deficitária dos professores; às tentativas de normalização do surdo à cultura hegemônica, que repercutem negativamente na sua formação como indivíduo. Os surdos, por ser estigmatizados como deficientes usuários de uma língua de categoria inferior, uma linguagem, por sua vez também deficiente, são tratados no espaço institucional como tal.

Qual é a situação dos alunos surdos no país?
A situação educacional dos alunos surdos é alarmante, sendo que sequer o direito linguístico é respeitado em escola para surdos, com a permanência inclusive de professores absolutamente leigos em seus quadros funcionais. O problema não está nos alunos, mas na carência de qualidade dos conteúdos trabalhados em sala de aula, bem como a ausência de uma metodologia que promova a aprendizagem. Os surdos são tratados preconceituosamente como incapazes de apreender. Os recursos visuais, caminho quase que óbvio para o ensino de quem não ouve, não recebe a devida atenção de parte dos professores observados.

Quais seriam os caminhos para uma boa educação dos surdos?
O caminho para a educação dos surdos é uma educação bilíngue de qualidade. Um direito conquistado em lei. A escola deve ensinar e considerar a Língua de Sinais como primeira língua para os alunos surdos e a Língua Portuguesa, de fundamental importância, como segunda língua. É fundamental uma boa qualificação dos professores das escolas para surdos e uma pedagogia do antipreconceito que não mais os congele como protagonistas de um roteiro de final previsível, na condição de iletrados funcionais. Também é preciso a transformação radical da escola para surdos para alcançarmos os resultados almejados e não transferir os alunos para o ensino regular. É fundamental que a escola contribua significativamente para a construção de uma identidade surda positiva, preparando-os para a assumirem a diferença e enfrentar a discriminação que invariavelmente irão encontrar.

Por que o surdo não gosta de ser chamado de deficiente auditivo?
O termo deficiente auditivo aloca-se dentro da perspectiva patológica da surdez, que na busca de adequar os surdos ao padrão estabelecido da normalidade. Os surdos são sujeitos culturais, com experiências visuais e identidades próprias: as identidades surdas. Assim, defende-se a concepção de que a Língua de Sinais, para mais além do que uma forma de comunicação dos surdos constitui-se como seiva identitária. Eu assumo minha híbrida identidade surda e recuso o rótulo de deficiente.

Fonte: G1, 03/06/2011


--