quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

`Guardian` acusa universidade de racismo na seleção de alunos



THE GUARDIAN - TERRA EDUCAÇÃO - 26/02/2013 - SÃO PAULO, SP
A Universidade de Oxford foi acusada de ter `preferência` por alunos brancos em detrimento de negros ou de outras minorias étnicas, afirmou nesta terça-feira o jornal britânico The Guardian em sua página na internet.
Segundo dados apresentados pelo jornal, os candidatos brancos que desejam estudar na renomada universidade britânica têm o dobro de chances de serem aprovados no concorrido processo seletivo realizado pela instituição do que aqueles que pertencem a minorias.
Entre 2010 e 2011, 25,7% dos estudantes brancos que solicitaram uma vaga em Oxford conseguiram entrar na universidade. Enquanto isso, 17,2% dos alunos de alguma minoria étnica, na mesma situação, foram aprovados.
O deputado trabalhista David Lammy, que já havia denunciado essa situação anos atrás, disse ao The Guardian que os números sugerem uma `preferência institucional` por alunos brancos.
As `Oxbridge` (termo que se refere às universidades de Oxford e Cambridge no Reino Unido) entraram em contato com o jornal e negaram que as diferenças nas porcentagens sejam evidência de discriminação.
O periódico, que também tentou, sem sucesso, conseguir os dados da Universidade de Cambridge, afirmou que os estudantes brancos que querem cursar medicina em Oxford têm mais do que o dobro de chances de conseguir, se comparados com as minorias étnicas.
Ainda segundo o jornal, enquanto 43% dos alunos brancos com excelentes notas entraram em medicina, essa porcentagem foi de apenas 22,1% no caso daqueles que são de minorias étnicas.
O mesmo acontece na área de economia e administração de empresas, na qual foram selecionados 19,1% dos candidatos brancos e 9,3% das minorias.
Na área de direito, no entanto, não há diferenças entre a porcentagem de estudantes brancos e de minorias étnicas que conseguiram as vagas.
Em 2009, Lammy tornou público, entre outros casos, o fato de que apenas um estudante britânico de origens afrocaribenhas foi admitido nesse ano. `A Universidade tentou se justificar e afirmou que essas diferenças acontecem porque o número de candidatos de minorias étnicas é maior do que o número de alunos brancos que pleiteiam uma vaga em Oxford`, disse Lammy.
A Universidade de Oxford garantiu ao `Guardian` que o seu compromisso é selecionar os `melhores estudantes, independentemente da etnia ou de qualquer outro fator`.




segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Brasil se prepara para antecipar o ingresso obrigatório na escola




CARTOLA - AGÊNCIA DE CONTEÚDO - TERRA EDUCAÇÃO - 18/02/2013 - SÃO PAULO, SP
Antes, a lei brasileira previa matrícula compulsória a partir dos sete anos. A partir de 2006, essa idade foi antecipada para os seis. Em três anos, o primeiro contato entre criança e escola deverá ocorrer, sem exceções, ainda antes. Isso porque a educação infantil, considerada o primeiro passo do ensino desde 1996, deve se tornar obrigatória no País.
Não que os pequenos já não frequentassem essas instituições de ensino. Segundo dados do Censo de 2010, levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), das cerca de 5,8 milhões de crianças de quatro ou cinco anos, 4,6 milhões iam a escolas ou creches (aproximadamente 80%). Mas a Emenda Constitucional nº 59, sancionada ainda em 2009, coloca como desafio chegar aos outros 20% até 2016. A meta é que o ensino se torne obrigatório entre quatro e 17 anos. A universalização se dará sob a responsabilidade dos municípios, com suporte financeiro da União.
Especialistas acreditam que, pelo menos quantitativamente, o Ministério da Educação (MEC) tem grandes chances de alcançar esse objetivo, graças a programas e ações que estimulam a construção de creches e pré-escolas, como o Proinfância, que utiliza recursos do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2). Tanto o projeto arquitetônico quanto os recursos são oferecidos pelo governo federal. Segundo o MEC, já foram investidos R$ 3,6 bilhões. Até agora, 813 obras já foram concluídas e outras 2.540 estão em execução. A previsão é de que, até 2014, sejam entregues 6 mil novas unidades. Em 2011, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), havia 115.223 estabelecimentos de educação infantil no Brasil - 25,2% deles privados.
Mas todo esse investimento não significa que o atendimento será de qualidade - ainda faltará a garantia de continuidade, e essa é a principal preocupação dos profissionais da educação. `A construção do prédio é o mais simples. Tem o depois`, alerta a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Maria de Fátima Guerra de Sousa. Apesar de se mostrar otimista com a emenda, já que a previsão em lei abre espaço para uma exigência formal de recursos, ela ressalta que é preciso buscar uma solução política e pedagógica o quanto antes. A professora aposta que, em 2016, a situação será melhor, mas o caminho até a plena realização da meta ainda não terá sido concluído.
`Tenho certa preocupação com esses planos que o Brasil faz em relação à educação. Metas que se sabe que não serão atingidas no prazo estipulado`, critica a professora da Faculdade de Educação na Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) Ana Carolina Perrusi Brandão. Para ela, falta uma avaliação realista da possibilidade de cumprir o que é projetado. O principal problema apontado por ela é o mesmo referido pela professora da UnB: qualidade. Além de construir, trata-se também de equipar essas instituições com ferramentas pedagógicas adequadas e investir na formação dos professores. `Mesmo que se consiga em termos numéricos, estamos muito longe de uma qualidade mínima`, frisa.
A qualidade da educação infantil dita o desempenho futuro do aluno
As deficiências do sistema educacional brasileiro para crianças entre 0 e 5 anos vem gerando também uma grande dívida social, na visão da professora do Departamento de Administração Escolar da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Mônica Correia Baptista. A especialista observa que, quanto mais pobre a família, menores são as chances de que as crianças estejam matriculadas em uma instituição de educação infantil.
No Anuário Brasileiro da Educação Básica 2012, publicado em conjunto pelo Movimento Todos Pela Educação e pela Editora Moderna com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, a taxa de frequência de crianças de 4 e 5 anos em creches e pré-escolas era de 92% para a fatia dos 20% mais ricos do País, e de 67,8% para os 20% mais pobres. A diferença também se reproduz entre crianças de 0 a 3 anos: 36,3% dos mais ricos contra apenas 12,2% dos menos favorecidos. `Não podemos nos esquecer que a creche é um direito previsto na Constituição. Ainda que a matrícula da criança não seja obrigatória, sua oferta é obrigação do poder público`, destaca Mônica.
Os especialistas ainda reforçam o fator determinante da pré-escola para o futuro educacional do aluno. Maria de Fátima afirma que não investir na educação infantil pode levar a um prejuízo muito maior. Sem passar por essa etapa inicial, as crianças estão sujeitas a ter uma diferença no desempenho nos anos seguintes, já que as aulas de creches e pré-escolas, desde que não sejam focadas meramente no assistencialismo, contribuem para a formação básica. `A alfabetização e o letramento da criança começam nessa fase, a partir do momento em que há condições de aproximar a leitura e a escrita como práticas sociais`, diz Ana Carolina. O atendimento de qualidade pode proporcionar uma experiência positiva na vida escolar de modo geral e até, conforme a professora da UnB, diminuir as chances de ocorrências indesejáveis, como gravidez na adolescência.
Cursos de pedagogia deveriam ter capacitação específica
Além da estrutura, a qualidade da educação infantil também depende da formação dos profissionais que trabalham com essas crianças. Não se trata apenas de oferecer assistência, como dar banho, trocar fraldas e supervisioná-las na ausência dos pais. É preciso formular um projeto pedagógico aliando lições e brincadeiras. As faculdades de pedagogia e de educação no Brasil, contudo, carecem de um currículo específico para essa faixa de ensino. Maria de Fátima ressalta que a preparação não pode ser a mesma para o professor que leciona no ensino fundamental, por exemplo. `Os cursos precisam formar educadores para alunos de 0 a 5 anos`, diz a professora da UnB. Professora da UFMG, Mônica afirma ainda que a formação, além de específica, deve ser continuada. `A carreira do professor precisa de condições para capacitação permanente`, observa.
A articulação entre municípios - principais responsáveis pela gestão da educação infantil -, estados e União é apontada pelos especialistas como uma das principais medidas necessárias para cumprir a meta estabelecida pela emenda, bem como estender o acesso a instituições de ensino para crianças entre 0 e 3 anos. `É preciso mais do que garantir vagas. É fundamental que essas crianças tenham acesso a uma escola de qualidade, com instalações apropriadas, professores capacitados e uma política de suporte a sua atuação`, analisa Mônica. Para Maria de Fátima, a questão passa também por uma mudança cultural em relação à criança. `Não é um favor que se faz a essas famílias. É dar a oportunidade a todo cidadão brasileiro de ter um bom começo de vida. Vai fazer diferença`, opina.

Prefeitos têm desafio de universalizar a pré-escola até 2016





YARA AQUINO - AGÊNCIA BRASIL - 16/02/2013 - BRASÍLIA, DF
Os prefeitos que assumiram o cargo no início deste ano terão um desafio a cumprir até o fim do mandato, em 2016: universalizar a pré-escola. A matrícula de todas as crianças na faixa etária de 4 a 5 anos tornou-se obrigatória em 2009. O prazo final foi fixado para 2016 e a responsabilidade recai sobre os municípios aos quais cabe a educação infantil.
O desafio dos prefeitos será garantir vagas para as crianças na rede pública. Alguns municípios, entretanto, não têm unidades suficientes e precisarão construir novos prédios. Além disso, virão mais gastos com os profissionais contratados e a manutenção das novas instalações.
Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, em 2010, havia 1.154.572 crianças na faixa de 4 a 5 anos fora da escola. A matrícula na pré-escola, no entanto, avançou na última década. Em 2000, 51,4% das crianças nessa faixa etária tinham acesso à educação, patamar que saltou para 80,1% em 2010.
Há pouco mais de um mês exercendo o mandato de prefeito de Araguapaz, município goiano com 8,5 mil habitantes, Fausto Luciano antecipa que será difícil cumprir a meta sem mais recursos do governo federal. “Hoje é quase impossível. Os recursos do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] são escassos. Com os recursos de que dispomos hoje, será preciso existir algo mais até 2016 para que isso seja implementado. É um desafio para os gestores que estão entrando agora”, disse Luciano.
As prefeituras recebem apoio federal por meio do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (ProInfância). O objetivo é financiar a construção de unidades de educação infantil para atender a crianças de até 5 anos, faixa etária da creche à pré-escola.
Pelo programa, a prefeitura providencia o terreno e o Ministério da Educação (MEC) financia a construção, os equipamentos e o mobiliário. A meta do atual governo é construir 6 mil novas creches e pré-escolas até 2016. Dados do MEC indicam que 742 unidades de educação infantil foram entregues nos dois primeiros anos de gestão da presidenta Dilma Rousseff e cerca de 5,6 mil estão em construção.
Mesmo assim, alguns gestores se preocupam com o custo da manutenção. É o caso do prefeito de Cachoeira Grande, no Maranhão, Francivaldo Souza. “Estamos construindo uma creche, mas, para fazer funcionar, temos que ter a ajuda do governo federal. Não falo só nos equipamentos, mas também da manutenção”, disse ele.
A secretária municipal de Educação de Colinas, no Tocantins, Odaléa Sarmento, considera a meta ambiciosa e acredita que uma alternativa seria apoiar a ampliação dos prédios municipais. “Os municípios têm prédios com infraestrutura de escola de ensino fundamental. Temos que adaptar esses ambientes para a educação infantil, para essa faixa etária”. Ela também defende que o governo do estado assuma a responsabilidade pela etapa final do ensino fundamental, para que os municípios concentrem esforços na educação infantil.
Embora a questão financeira seja a mais citada entre as dificuldades a serem superadas, a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, aponta que a gestão nos municípios terá importância fundamental para viabilizar a infraestrutura e contratação de profissionais para a universalização da pré-escola até 2016. “Se a gestão e a implementação não forem muito rigorosas e competentes, no espaço de quatro anos, não se dá conta de colocar em pé toda a estrutura necessária para garantir vagas para essas crianças todas.”
A inclusão do pré-escolar ocorreu por emenda à Constituição. Antes da mudança, o ensino fundamental era a única fase escolar obrigatória no Brasil. Desde então, o ensino passou a ser obrigatório dos 4 aos 17 anos, abrangendo a pré-escola, o ensino fundamental e o médio.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Mãe de jovem com Down recorre ao MP e consegue matricular filha na BA




DO G1 BA - G1 GLOBO.COM - 04/02/2013 - RIO DE JANEIRO, RJ
Daniela Ribeiro, mãe de uma adolescente de 13 anos com Síndrome de Down, conseguiu matricular a filha em uma escola particular de Salvador. A menina começa o ano letivo de 2013 nesta segunda-feira (4). Segundo a mãe da garota, ela tentou a matrícula em sete escolas da capital baiana.
Segundo a Lei da Inclusão, os colégios são obrigados a acolher os alunos especiais, mas Daniela precisou recorrer ao Ministério Público e ao Conselho Estadual de Educação, para conseguir uma vaga.
`Desde outubro, a gente está em busca de uma escola para Giovana e pasmem: as escolas negam a matrícula só porque ela tem Síndrome de Down. Nós passamos por 7 escolas, que negaram a matrícula e duas aceitaram. Escolhemos ficar em uma que também não foi muito fácil, porque a princípio a escola tinha aceitado, depois ela voltou atrás dizendo que a cota de inclusão já estava completa e aí eu não aceitei. Eu briguei, eu gritei, eu esperneei e agora ela vai começar as aulas`, disse a mãe.
`Eu estou me sentido feliz porque vou conhecer colegas novos, amigos novos e professores novos`, disse a garota.
`Tivemos que denunciar no Ministério Público as escolas, no Conselho de Educação da Bahia também e estamos tentando ver na Justiça. Pode parecer uma coisa corriqueira para todos os pais, levar os filhos para escola, mas para mim, vai ter um sabor de vitória”, explicou a mãe.