terça-feira, 12 de abril de 2011

Mais educação em biodiversidade

Ao longo de seus 12 anos de existência, o programa BIOTA-FAPESP possibilitou a descoberta
de mais de 500 espécies de plantas e animais e contribuiu para o aprimoramento de políticas
públicas de conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade do Estado de São
Paulo. Traduzir e publicar esse conhecimento sobre os biomas paulistas em materiais
didáticos, que possam ser utilizados em espaços de educação formal – como as escolas – e
não formais – como os museus de ciências –, é um dos desafios que o programa pretende
atingir nos próximos anos.      

Para avaliar as ações educativas realizadas no âmbito do programa e fomentar novas
atividades foi realizado, nos dias 7 e 8 de abril, na Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), o Workshop BIOTA-FAPESP sobre Biodiversidade, Educação e Divulgação.
O evento reuniu especialistas em educação e biologia para discutir possibilidades de relacionar
conhecimentos sobre biodiversidade gerados pelo programa com práticas de educação e de
divulgação científica.

Em avaliação realizada em 2009, intitulada  BIOTA+10: Definindo Metas para 2020 , a
extensão do conhecimento científico gerado sobre biodiversidade para as escolas de ensino
fundamental e médio e em espaços de educação não formal foi apontada como um dos
maiores desafios a ser atingido pelo programa.

“Identificamos essa área como uma das lacunas que o programa não conseguiu preencher e
estabelecemos como meta no plano de atividades do BIOTA-FAPESP traçado até 2020
conseguir promover, de fato, a interlocução do programa com a área da educação”, disse o
coordenador do programa, Carlos Alfredo Joly.

O programa já originou materiais educativos, como exposições, projetos de educação
ambiental e uma série de vídeos exibidos pela TV Cultura. Mas, na avaliação de Joly, as
atividades educacionais precisam atingir um número muito maior de estudantes dos ensinos
fundamental e médio.

Para estimular a realização de mais atividades do gênero, será lançada em breve, pela
FAPESP, uma chamada de pesquisas sobre educação e biodiversidade. “Pretendemos utilizar
ideias e sugestões lançadas no workshop para auxiliar na formatação da chamada”, disse.
Conceitos de biodiversidade

De acordo com a professora da Faculdade de Educação da Unicamp, Martha Marandino, um
dos desafios para se promover a articulação entre as ações de educação e biodiversidade no
âmbito do BIOTA-FAPESP será o de trabalhar o conceito de biodiversidade de acordo com as diretrizes do programa.

“O programa se baseia em uma diretriz de biodiversidade que, obviamente, não abrange todas
as questões possíveis sobre o conceito, mas levanta temáticas muito importantes, que vale a
pena serem pensadas e desenvolvidas tanto no âmbito da educação formal como da não
formal”, analisou.

Na escola, segundo Marandino, a educação em biodiversidade atualmente está muito baseada
no ensino do conceito a partir da ecologia sistêmica, com ênfase em cadeias ambientais, e se
dá pouca atenção à ecologia humana.

Nesse sentido, de acordo com uma pesquisa realizada com professores de ciências do ensino
básico pelo professor da Faculdade de Educação da Unicamp, Antonio Carlos Rodrigues
Amorim, os sentidos, significados e conceitos sobre biodiversidade apresentados pelo
BIOTA-FAPESP devem se confrontar com o conceito de biodiversidade consolidado e
estabelecido pela biologia que é ensinada na escola.

“Para os professores, a incorporação no currículo de biologia do conceito de biodiversidade do
BIOTA-FAPESP poderia causar uma desestruturação no modo de pensar a biologia que é
próprio da escola”, disse Amorim.

Segundo ele, alguns dos temas que poderiam ser trabalhados em sala de aula a partir do
programa, apontados pelos professores que participaram do levantamento, foram
sustentabilidade e ecossistemas que utilizassem exemplos de organismos que compõem a
biodiversidade do Estado de São Paulo.

“Essas foram indicações de temas que elas fizeram naturalmente porque são questões que, se
incluídas no planejamento escolar, não romperiam com a tradição do ensino da biologia na
escola”, disse Amorim.

BIOTA-FAPESP:  www.biota.org.br

Fonte: Agência FAPESP

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