sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


A expansão do Prouni é limitada por falhas da educação básica
HÉLIO SCHWARTSMAN ARTICULISTA DA FOLHA
É cedo para saber se a queda no número de beneficiados pelo Prouni faz parte de uma tendência mais geral. É um fato, porém, que, em algum momento, planos de expandir o ensino superior vão ser frustrados pelas deficiências da educação básica. Em termos mais crus, se não houver alunos em condições de frequentar uma universidade, programas como o Prouni não poderão crescer. E isso é um problema porque, apesar dos rápidos progressos verificados ao longo dos últimos anos, o Brasil ainda apresenta taxas de escolarização muito acanhadas, para não dizer ridículas. Primeiro, os avanços. Na última década, a taxa de escolarização líquida do ensino superior (jovens de 18 e 24 anos cursando o 3º grau) mais que dobrou, aproximando-se dos 15%. Mas o país ainda está longe de outras nações. A Bolívia tem 36% de seus jovens fazendo algum curso superior. A Argentina apresenta um índice de 48%, e os EUA, 73%.

Se o Brasil quiser um dia chegar às marcas mais elevadas, precisará, antes de mais nada, formar jovens aptos a fazer um curso superior. Os empecilhos são muitos. Basta lembrar que os
índices de evasão escolar ainda são indecentes. De cada 100 alunos que entram no 1º ano do ensino fundamental, apenas 36 concluem o 3º ano médio (dados de 2005), que em teoria os habilita para frequentar o ensino superior. É importante frisar o "em teoria", pois a evasão não é a única vilã. Parte dos 36 sobreviventes sai tão mal formada que não consegue articular um período composto. Até se pode pôr esse contingente em universidades, mas aí não dá para reclamar quando a avaliação das instituições superiores despenca. Para avançar mais, o Brasil tem de resolver a questão da qualidade no ciclo básico.

Fonte: Folha de São Paulo, 11/02/2011 - São Paulo SP

Um comentário:

  1. É bom lembrar que a educação é uma das bases tríplice para o desenvolvimento sustentável!

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